O Brasil tem assistido a um crescimento surpreendente na Geração Distribuída (GD), especialmente na energia fotovoltaica. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as projeções para 2030 em capacidade instalada e número de Unidades Consumidoras (UCs) que produzem sua própria energia foram superadas já no final de 2022, com cerca de 2 milhões de UCs utilizando créditos de energia de GD. a
Compostas por pequenos sistemas de geração e armazenamento, as microrredes são uma solução para a integração mais eficiente das diversas fontes de energia. Elas permitem que pequenas redes locais operem de forma independente, reduzindo a dependência da rede elétrica principal.
Para descobrir como as microrredes estão transformando o cenário energético no Brasil, quais são os principais desafios a serem superados e as oportunidades que essa inovação traz para consumidores e empresas do setor elétrico, continue lendo!
Microrredes são sistemas energéticos locais que combinam fontes de energia distribuídas — como painéis solares, turbinas eólicas e geradores — com tecnologias de armazenamento, como baterias. Os sistemas funcionam de forma integrada, de modo a permitir que as unidades consumidoras (UCs) gerem e gerenciem sua própria energia de maneira mais efetiva.
Uma característica fundamental das microrredes é a capacidade de operar tanto conectadas à rede elétrica principal quanto de forma independente. Esse fator é crítico para garantir segurança e continuidade no fornecimento de energia, mesmo durante interrupções da rede principal.
Além disso, as microrredes permitem uma gestão energética mais inteligente por meio de sistemas de gerenciamento de energia (SGEM). Esses sistemas coordenam o uso e a distribuição de energia, assegurando que a energia limpa gerada localmente seja maximizada e que o uso de fontes menos sustentáveis, como geradores a diesel, seja minimizado.
Ao combinar geração de energia local, armazenamento e controle inteligente, as microrredes proporcionam diversas vantagens para consumidores e concessionárias, como, por exemplo:
As microrredes permitem a integração de fontes de energia renovável, como solar e eólica, diretamente nas instalações locais. Como resultado, isso reduz a dependência de combustíveis fósseis, diminui as emissões de carbono e promove uma operação mais sustentável, alinhada às práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança), cada vez mais valorizadas pelo mercado.
Com o uso de sistemas de armazenamento de energia, as microrredes podem otimizar o consumo local e reduzir os custos energéticos ao aproveitar tarifas mais baixas fora dos horários de pico. Além disso, os consumidores podem vender o excedente de energia gerada de volta à rede durante períodos de alta demanda, convertido em créditos de energia.
Em caso de falhas na rede elétrica principal, as microrredes podem operar de forma independente, garantindo que instalações críticas, como hospitais e centros de dados, permaneçam funcionando. Essa capacidade de isolamento aumenta a resiliência contra interrupções e melhora a segurança do fornecimento de energia em situações de emergência.
A Fazenda Alegria, produtora de orquídeas em Nova Lima, MG, ilustra bem os benefícios das microrredes.. O crescimento saudável das plantas depende de um ambiente controlado, onde fatores como temperatura e umidade precisam ser rigorosamente mantidos.
Para manter o ambiente controlado necessário ao crescimento das orquídeas, a fazenda utiliza um sistema de geração distribuída (GD) e um gerador a diesel (GMG) como backup, ambos desenvolvidos pela Concert Technologies. No entanto, durante falhas na rede elétrica, a GD é automaticamente desligada para evitar riscos de energização reversa, forçando o uso do GMG.
Se a fazenda fosse convertida em uma microrrede, poderia manter o fornecimento contínuo de energia renovável, reduzindo os custos e as emissões de CO2, além de aumentar a resiliência operacional, mesmo em situações de instabilidade da rede.
Embora as microrredes ofereçam muitos benefícios, seu desenvolvimento enfrenta desafios consideráveis, principalmente no que diz respeito à regulamentação.
Um dos maiores desafios para o desenvolvimento da Geração Distribuída (GD) e das microrredes é a ausência de regulamentações claras e padronizadas. Atualmente, as regras e diretrizes para interconexão com a rede principal são complexas e, muitas vezes, desatualizadas, o que gera incertezas para investidores e consumidores.
Essa falta de clareza impede a expansão em larga escala das microrredes, que dependem de regulamentações que incentivem a inovação e garantam segurança jurídica, o que desacelera a expansão dessas soluções no Brasil.
Os custos elevados de instalação de sistemas de microrredes, incluindo infraestrutura, equipamentos de geração renovável e sistemas de armazenamento de energia, também representam uma barreira significativa.
Mesmo com a queda nos preços de tecnologias como painéis solares e baterias, o investimento inicial ainda é alto, especialmente para pequenos consumidores ou empresas. Programas de incentivo governamentais e modelos de financiamento inovadores são importantes para tornar as microrredes mais acessíveis.
A adoção de microrredes também exige maior capacitação técnica para instalação, operação e manutenção desses sistemas complexos. Assim, a falta de mão de obra qualificada pode dificultar a expansão em larga escala.
Além disso, pode haver uma resistência cultural à mudança, especialmente em setores acostumados a modelos centralizados de fornecimento de energia. A superação desse obstáculo requer campanhas educativas, treinamentos e esforços de conscientização sobre os benefícios das microrredes.
Um suporte sólido para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é imprescindível para um país avançar em inovação. No entanto, no Brasil, a falta de uma rede de laboratórios abertos à indústria, que possam testar novas tecnologias e padronizar processos, limita o avanço das microrredes.
Investir em P&D e criar ambientes colaborativos entre universidades, empresas e governo é essencial para desenvolver soluções tecnológicas que viabilizem e acelerem o crescimento dessas redes.
A ação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é primordial na resolução desses desafios. Como órgão regulador, a entidade é responsável por criar um ambiente normativo que favoreça o desenvolvimento das microrredes, eliminando contradições e promovendo a padronização de procedimentos técnicos e comerciais.
Para que isso aconteça, é fundamental que a ANEEL avance na criação de políticas mais flexíveis e adaptáveis, que incentivem a adoção de tecnologias inovadoras e assegurem a proteção dos consumidores, ao mesmo tempo em que promovem a competitividade do setor elétrico brasileiro.
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